A idéia surgiu assim: quando criança, sempre escutava a minha mãe cantarolando musiquetas e, dentre as musiquetas, uma inventada por ela para fazer um mingau de araruta, por sinal, uma das minhas primeiras incursões na cozinha. Dona Zelinda Lima, maranhense e pesquisadora de mão-cheia, lança o livro Pecados da Gula – comeres e beberes das gentes do Maranhão. Cá com os meus botões, eu disse: “Eis a parceira”. Conversei com a minha amiga escritora, e, quando já havia esquecido do convite feito, ela me apresentou três letras. Busquei melodias e acertos nos poemas, mas debalde foram os meus esforços: não encontrei a veia popular nas canções. A caixa de sapatos continuava ali mesmo, à espera...
Minha música alimenta o espírito apolíneo.
Convidado para compor a trilha sonora do espetáculo teatral Viva El Rei Dom Sebastião, do teatrólogo Tácito Borralho, na primeira reunião, dei de cara com o Zé Ignácio. Na época, fazíamos parte da equipe da Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão. Eu, como coordenador de Ação e Difusão Cultural e ele como Chefe de Gabinete. Em comemorações aos aniversariantes do mês, já me deliciava com as saborosas iguarias preparadas pelo competente ator maranhense. Em pouco mais de duas horas, tomei conhecimento de que ele gostava de cozinhar, inventar pratos, tocava violão, teclado e, às sabidas, arriscava composições musicais. Claro, falei dos meus projetos e soube que o meu amigo, dublê de compositor, tinha uma intenção similar. O espetáculo acontece e, algumas luas após, final de tarde, o meu novo e grande parceiro adentra a minha sala de trabalho e joga uma folha de papel sobre a minha mesa, dizendo: “Tomas... é isto que tu queres?” Era uma letra com o título Mocotó. Pra quem nunca tivesse preparado essa iguaria era ler o poema, ir pra cozinha e sair pro abraço.
Não. Na verdade, faltava uma coisa: música. Eu disse: “É e não é!” Naquele sublime momento, falei dos nossos ritmos — que ele tão bem conhece — da possibilidade de compor cada prato em um gênero musical, etc. No dia seguinte, mesmo horário, a letra de Cuxá estava em minhas mãos e, juro, passe de mágica a melodia veio à minha cabeça:
Cuida, menina,
Vai pro pilão,
Tem que socar com a mão.
Se não tiver
Pilão, meu amor,
Vai no liqüidificador!
(Vai no liquïdificador!)
ABAIXO, O VÍDEO ARROZ DE MARISCO NO LELÊ
Composição de Wellington Reis e José Ignácio , interpretada por Wellington Reis , gravada em São Luis e São Paulo. Voz-Wellington Reis.Flauta-Carrasqueira.Rabeca-Thomas.Percussão-Ubiratan/ZéPretinho.Coro-Brandão/Inácio/Luciana/Fátima. Postado no YouTube por Ubiratan Sousa
UM DISCO PREMIADO
O artista maranhense, Wellington Reis foi abocanhar um prêmio onde se respira arte e cultura, entre castelos suntuosos, canais e o cristalino rio Svartån, na sexta maior cidade da Suécia, Örebro, encrustada na província de Närke, na região da Gotalândia, ao sul da Suécia.
Nesse lugar aprazível o disco SOTAQUE MARANHENSE NA ARTE DE COZINHAR degustou o "Gourmand World Cookbook Awards", um prêmio que laureia as melhores publicações da gastronomia mundial.
O disco (CD) maranhense concorreu com mais de cino mil publicações (nas mais diversas categorias) e se consagrou finalista entre 17 trabalhos de 60 países.